quinta-feira, 18 de março de 2010

Os olhos baixaram de repente como se não pudessem ver. Dois corpos baixos cansados distintos. Dois corpos. Ele virou foi embora atravessou a rua correu sentou debaixo de uma árvore chorou. Ela ficou parada sentindo o vento sentindo a brisa as lágrimas o desespero sentindo o nada. E eu fiquei aqui, observando, vendo, sem saber o que fazer. Era assim, não era? Era? Quem iria me responder agora?
Ele chorou um dia dois três talvez depois saiu bebeu com os amigos encheu a cara caiu de bebado chorou de novo. Foram embora e ele ficou na sarjeta então sentiu-se sozinho mas sem ter pra onde ir e então ele riu chorando.
Ela voltou pra sua terra seus pais sua família com ar de cansada de viver de sorrir de tentar. Ela voltou sem olhar pra trás e sem sentir mais nada e então se esvaziou de tudo.
E eu fiquei.
Ele caminhou bêbado pensando o que poderia ter saído errado onde estavam os seus planos os seus sonhos os projetos a vida. Viu o rio.
Ela parou no meio da estrada andando sozinha pensando no nada chorando algumas lágrimas sem saber se eram tristes ou alegres. Viu um farol alto porque era noite e ela não queria voltar embora voltasse.
Ele mergulhou no rio e encontrou o seu fundo. Ela abriu os braços para a luz forte do caminhão.
E eu fiquei. Fiquei. Fiquei.
Orfão. De personagens. De vida. De pais. Sem nunca saber como essa história começou.