quinta-feira, 31 de julho de 2008

O fim de tudo é.

-Alô?
-Alô?
-Quem fala?
-Eu.
-Eu quem?
-Eu ué!
-Ah!
tutututututu.....
-Alô?
-Não desliga...
-Diz quem é!
-Eu sou eu...quem mais seria?
-Diz seu nome! João? Antônio? Mario?
-Não se lembra?
-DIZ LOGO!
-Minha voz
-É só uma voz!
-Só?
-Sim, só! Ou diz quem fala ou desligo!
-Não precisa...Eu mesmo faço isso...
-Como é que é?
-Você prometeu que não ia esquecer minha voz...
-Diz logo...
tututututututu....
O fim de tudo é.
A promessa não cumprida.
A lembrança esquecida.
O amor falsificado.
De um lado, a dúvida: "quem seria?"
E do outro, a lágrima: "sou só memória perdida..."
O fim de tudo é.
Assim e assim.
Fim.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Nariz e roupas...

- Acabei mãnhe!
-Deixa eu ver...
-Tó.
Silêncio.
- Que que isso aqui?! Olha...
- O que mãe? Não tô vendo nada.
- Olha mais perto né?! (irritação).
- Tá tudo branco. Não vejo nada aí.
- E esse amassadinho aqui?
- Esse aí? Ah...Apareceu...Nem sei como...
- Não sabe como?! Eu te digo como!
- ...
- Tem que passar direito...Eu já te disse....
- ...
- Olha aí...Tava vendo TV junto né?!
- ...
- Aiaiaiai....Me escuta filha, isso aqui ta passado igual o seu nariz!
- Meu nariz?!
- É. Seu nariz...
- Tudo amassado...Olha aqui...E aqui também...
- ...
- E mais aqui! Muito ruim...
- Mãe...
- Assim não dá...
- Mas,
- Não dá não!! (mais irritação).
- MÃE!!!!
- Que é menina, fala!
- Meu nariz...
- Que que tem ele?
- Ele tá amassado...
- E quem te disse isso?
- Você!
- EU?! Claro que não.
- Disse sim! E se quer saber, meu nariz não ta igual essa roupa aí não.
- ...
- Tá vendo aqui ó. Tá muito bem ajeitadinho...Um furinho igual o outro... A curvinha que deixa ele assim pontudinho... Não tem nada amassado aqui não!
- ... (querendo rir)
- Viu? Viu? Da próxima vez compara com outra coisa a roupa amassada, mas com meu nariz não!
- Ai filha...
- Não quero saber! Meu nariz não te fez nada! Deixa ele em paz...
- É só uma expressão... Modo de dizer.
- Não gostei. Modo besta esse de falar as coisas...
- Tá bom vai... Deixa que eu mesma passo o resto. Vai brincar.
- Vou mesmo! (emburrada).
- Nariz...roupa amassada....hehe...
No canto a mãe ainda pode ver que antes de sair para brincar, a menina parou no espelho e observou o nariz. Nada de errado. Sorrindo saiu alegre pelo quintal. A mãe riu timidamente. Saudades da meninice e do narizinho que fora um sucesso em seu rosto! Sem nenhum amassado!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pipa azul

É tarde. É tarde. É tarde.
A rua grita. As pessoas correm. O tempo vai. É tarde.
Sozinho. Tudo corre. Trem. Metrô. Ônibus. Bicicleta. Cachorro.
E o menino atrás da pipa. Pipa azul. Bonita. Pipa- estrela.
É tarde!!!
A pipa vem caindo, leve feito ar. De repente a pipa é ar. O menino. O carro.
O corpo. O sangue. "É tarde", alguém diz.
A pipa-estrela-azul cai. Cai aos méus pés. Pego-a. É bonita!
É tarde. É tarde. É tarde.
Saio. Quieto. Desespero. Pressa. Sirene. Mas, morte.
Tenho a pipa azul. É leve. Não tenho pressa.
É cedo ainda...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Aqui estou eu iniciando....
Mas cá entre nós (todos!), acho que ainda preciso perder a timidez...
Por enquanto, fica meu silêncio!